23 outubro 2012

DENGUE AUMENTA MAIS DE 20% EM NATAL


Casos de dengue no RN têm crescimento de 14%

O número de casos de dengue notificados no Rio Grande do Norte teve um crescimento de 14% este ano, em relação a 2011. Em geral, prevaleceu os casos do sorotipo 4. De 1º de janeiro a 6 de outubro, segundo dados do Boletim Epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde Pública, foram notificados 31.548 casos da doença ante os 27,5 mil notificados no ano passado. Em Natal, o crescimento foi ainda maior: 20,13%, com 12.206 casos notificados. De acordo com especialistas, o aumento se deve não apenas a oscilação característica da doença, mas sobretudo as deficiências na execução de medidas preventivas e rotineiras.

Alex Fernandes
Infectologistas apontam deficiências no trabalho de agentes

 A irregularidade nas visitas dos agentes de endemia para combate de focos e orientações às famílias são apontados como uma das principais causas para o aumento na incidência dos casos. Para 2012, de acordo com Kleber Luz, era esperada uma baixa no número de casos. "Esse é um crescimento absurdo e totalmente fora da previsão, creditado a falta de controle do vetor tanto por parte da sociedade, quanto pelo Estado", disse o médico.

 O infectologista Luiz Alberto Marinho compartilha da opinião e afirma que "houve falha desde a campanha educativa, com o relaxamento após o período de chuvas - quando ocorrem o maior número de casos - até o não fechamento dos ciclos preventivos (visitas)". Por ano, segundo preconiza o Ministério da Saúde, devem ser realizados seis visitas - a cada dois meses - aos domicílios, para identificação e eliminação dos focos. "Ano passado foram feitos apenas quatro ciclos e, esse ano, a irregularidade é ainda maior", afirma. Sem as visitas para controle e prevenção dos focos verificados em 2011 e 2012, a proliferação se torna inevitável. O crescimento na incidência, entretanto, "por esses motivos" já era esperado por Marinho. 

De acordo com o presidente do Sindicato, Cosmo Mariz, há três meses, cerca de 120 agentes de endemia da Secretaria Municipal de saúde estão desempenhando outras funções, devido a falta de material para trabalho - farda, mochilas e equipamentos de segurança recomendados em Termo de Ajustamento de Conduta, pelo MPE, como protetor solar. O número equivale a 25% dos 512 agentes do Município. A interrupção nas atividades se deve ainda, segundo o sindicalista, aos casos de afastamento por licença médica, devido a envenenamentos provocados pelo inseticida Novalorum, usado para eliminar o Aedes aegypti. E ainda pelo não fornecimento de vale-transporte para os trabalhadores.

A subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica Juliana Araújo frisa que o controle deve ser feito de forma intersetorial, em cada município. E lamenta o lançamento, por parte dos municípios, no sistema do MS feito de forma tardia. "Isso interfere nas ações. A curva nos primeiros meses não era a real, o trabalho não foi feito em tempo hábil. É preciso não só notificar, como também informar", diz.

Apesar do crescimento nas notificações, os casos graves da doença sofreram redução. Foram 103 casos do tipo febre hemorrágica este ano, contra 274 em 2011. Entre os casos com complicação, foram registradas 192 ante os 258 do ano passado. A capital lidera os municípios com maior incidência, seguido por Mossoró (2.195), Parnamirim (2.051), João Câmara (818) e Currais Novos (816).
FONTE: TRIBUNA DO NORTE

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